Monday, September 02, 2002


COMUNHÃO vs AMIZADE

Ontem na EBD, Del falou uma coisa, e eu quis fazer um comentário, mas acabou o tempo. Deixa eu aproveitar agora. Eu entendi o que ele quis dizer, realmente não dá pra se ter algum tipo de amizade com pessoas que não compartilham dos mesmos interesses que a gente. Uma colega de trabalho outro dia me perguntou uma coisa nesse âmbito – “O fato de vc ir à igreja e não fazer certas coisas, ou não ir a certos lugares não limita muito seu círculo de amigos?”, bom eu disse pra ela o seguinte – “O simples fato de eu virar a direita e não à esquerda já limita meu círculo de amigos. O fato de eu escolher trabalhar no CCAA e não no Fisk, o fato de eu escolher ser professora e não engenheira ou bióloga, o fato de eu trabalhar no Imbuí e não na Lapa. Todos esses tipos de escolhas (ou mesmo imposições) da vida, limitam o número de pessoas com quem nos relacionamos ou com quem teremos afinidades. Isso é normal, faz parte da vida. Se estou num ambiente onde todos pensam e se comportam totalmente diferente de mim, é lógico que não dá pra ter muita aproximação. São os interesses em comum que atraem e conectam as pessoas. Não vou querer ter um amigo que só quer ir nos lugares que eu não vou, fazer coisas que não me sinto bem fazendo, ou ver filmes que eu não suporto. Ou um dos dois lados abre mão ou não se tem afinidade. Não é assim que qualquer pessoa escolhe seus amigos?”
Eu já tive uma grande amiga que não era crente - Iracema. Aquele tipo de amiga que vai dormir na sua casa nos fins de semana ou em véspera de prova. Líamos poesia até altas horas da madrugada, trocávamos confidências até. Ela nunca quis saber do Evangelho, apesar de sempre me ouvir falar do que dizia a Bíblia. Mesmo assim nossas formas de pensar sobre certas coisas, nossos comportamentos e nossas preferências eram bastante parecidos, isso viabilizou nosso relacionamento. É claro que eu ralhava com ela quando a via preparando a pesca para a prova de biologia, hehehe.

Bom, nossas vidas tomaram rumos bem diferentes, eu fui pros States, ela foi fazer direito em Alagoas e depois em Ilhéus (UESC), a gente tem pouco contato hoje, não sei se faríamos tanta coisa juntas, não sei direito o quanto mudamos. Mas creio que o carinho que temos uma pela outra continua o mesmo.

Como não peguei o início da aula fiquei sem querer fazer um outro comentário – Será que o conceito de comunhão está correto? Tem uma irmãos nossos numa igreja lá no interior do Ohio. O que vc tem a ver com eles? Eles gostam de beisebol e vc de futebol. Eles comem hambúrguer e vc feijoada. Eles amam o 4 de julho e vc o 7 de setembro. Eles se vestem diferente, pensam diferente, brincam diferente. E pior, eles nem nos conhecem!!!! Temos comunhão com eles?

Sunday, September 01, 2002

PANIS ET CIRCENCIS

Tudo bem, o Brasil ganhou. Antes que vocês me crucifiquem, é claro que o futebol é gostoso e envolvente. Embora pra mim seja esporte de homem, não tem como não se emocionar assistindo.

Sou uma torcedora vira-folha, só sou corintiana quando o Timão ganha, e torço pro Palmeiras em caso de emergência (no meio da Mancha Verde). Mudo de time pelo mesmo motivo que o camaleão muda de cor. Acho isso cabível pelo fato de eu ser mulher.

Mas gente, tem coisas que eu não engulo. Por que é que o brasileiro só lembra que é brasileiro em Copa do Mundo?

E por que ninguém se lembra mais de nada nessa época?

A Copa do Mundo é um elemento poderoso de alienação amado pelo nossos governantes corruptos. O país está no buraco, e povo está rindo a toa. É por que o brasileiro é um povo alegre??? Patavinas!!!! É porque o brasileiro é um povo manipulável ao extremo! Nós não lutamos por nada, não acreditamos em nada, e qualquer joguinho de futebol nos faz esquecer tudo.

PANIS ET CIRCENCIS, a história se repete. E já diz meu amigo Jeremy Wood:
“Se há algo que nós aprendemos com a história,
é que nós NÃO aprendemos com a história.”

Respondo à pergunta de Dani – se minha mãe fizesse algo errado (recebesse um suborno), eu ficaria contra ela para sempre? Não, mas teria muita dificuldade em acreditar na integridade dela outra vez. Como minha mãe mesma diz, “Confiança é algo que se leva uma vida para ganhar, e só um segundo para perder.”

Volto a repetir, sou brasileira 365 dias/ano, minha bandeira está sempre estendida em meu quarto. Não sou como uns e outros que compram bandeirinha enquanto a seleção está jogando, pra criar mofo pelos próximos 4 anos. Não é um grupo de 11 jogadores vestidos de azul e amarelo que vai me fazer mais ou menos brasileira.

Ah, e quero ir morar no EUA sim, se for da vontade de Deus. Porque quero uma vida melhor. É um país que amo por causa das pessoas que conheci ali e da forma como eles organizam sua vida. Mas nunca vou negar minhas origens, minha bandeira vai comigo pra onde quer que eu vá.