Friday, October 03, 2003

O sonho acabou. Não, essa frase não tem nada a ver com o quequis dizer aquele cantor famoso. Se hoje escrevo essas palavras épara dizer que acabou o sonho de um garoto de 17 anos. Um guri quecresceu junto com a maioria de nós, que nossos pais viram crescer –um irmão em dois sentidos. Ele tinha sonhos e planos, assim como nós.Iria crescer e tinha a vida toda pela frente, assim como nós. Mastudo isso acabou num instante.Não foge à minha mente que nada foge ao controle de Deus.Não foge à minha mente a idéia de que certamente ele agora está com oSenhor. Ou seja, não foge à minha mente o conforto que a Palavra deDeus nos assegura. Mas não posso deixar de pensar na tragédia queaconteceu. E meu coração não deixa de sofrer.Duas coisas me ocorrem imediatamente – por que justo ele?Por que não eu, ou você?Nada me torna melhor. Nada me dá mais direito. Todosigualmente sonhávamos. Por que estamos aqui e ele não? Por quepodemos ver mais um amanhecer, mais uma noite de chuva, e ele não?De repente tudo parece perder a graça, e as coisas que dão prazerparecem não fazer sentido. Ir ao cinema. Comer pizza. Brincar. Jogarconversa fora. Rir a toa. Sair com a turma. Parece tudo tão pequenodiante do que houve, que sinto como se nada mais pudesse voltar a serdivertido.Penso na fugacidade da nossa vida e me vem à mente aqueletexto de Tiago 4:13, 14, 15. Ah, estamos tão cheios de vida! Temostanta coisa que queremos fazer amanhã, ou depois, daqui a um ano oudois. E o futuro;;; nos parece tão óbvio que ele estará lá. A verdadeé que nenhum de nós pode saber se estará aqui no próximo segundo.Somente Deus tem contados o número exato de nossos dias, como diz oSalmo 139.Ao nosso pequeno Lucas estavam ordenados apenas 17 anosnesta terra e então encontrar o Senhor. E nós tão freqüentementetemos por certo que chegaremos aos 70, 80 anos... Oh, Deus, nãosabemos. Não sabemos. Só tu o sabes.Não sabemos por que quis o Senhor nos tirar o Luquinhas, onosso Juca, que gostava de sorrir e de comer pizza nos rodízios, quebrincava com a gente todo verão lá na praia, que fazia um cachorro-quente tão gostoso, que lamentava o roubo do seu bongô, que contavapiada. Conosco ficam as lembranças – dos momentos vividos juntos edos sonhos compartilhados. Os familiares e amigos mais íntimos as têmmais intensas.E a nós? Quanto tempo nos resta? E o que você vai fazerdaqui para frente?Léa Virginia Andrade. 03 de outubro de 2003.P.S. Desculpem se meu texto parece inoportuno. Escrever é minha formade chorar.